Apenas dois exemplos:
Há três meses atrás, após a morte do meu pai, decidi arranjar um cão! Percebi que não conseguiria passar por isto sozinha, apesar do apoio incondicional da família e amigos, esta é uma batalha dura de vencer, acho que mesmo invencível. E por isso em vez de me encher de antidepressivos e em consultórios de psicoterapia, achei que ter um cão seria uma boa ajuda e arranjei o Gaspar! No entanto ter um cão, significa gastos com vacinas, alimentação, etc ...
Hoje, depois de um fim de semana a trabalhar das 8 as 23, coisa que já se tornou habito, fui almoçar com uma amiga, junto ao rio, almoço que se prolongou e passou a lanche, tal era a conversa.
Á pouco fui ao supermercado comprar comida para o Gaspar, como é cachorro e de raça pequena, não pode ser uma ração qualquer , o que significa uma pipa de massa! Quando estava na caixa para pagar, estava um rapaz a minha frente (com aspecto descuidado, diria sujo até) com três coisas para comer, apenas trouxe uma, porque não tinha dinheiro para as outras duas.
Nesta altura cai-me a ficha e senti-me a pessoa mais fútil do mundo: eu com um saco de ração toda xpto no valor de 15 euros e o rapaz a minha frente sem dinheiro para comida.
Quem me conhece intimamente sabe que sou pouco dada a socialismo barato, por vezes demasiado dura com os outros, confesso e que acredito apenas e só no fruto do trabalho e por isso todos os dias luto arduamente para me poder dar a pequenos luxos.
Mas hoje foi diferente e não sei porquê? Não conheço a historia de vida daquele rapaz, nem sei se alguma vez na vida lutou por alguma coisa, ou se a vida simplesmente lhe foi madrasta. Sei apenas que aqueles instantes junto a uma caixa de supermercado me fizeram pensar!
